quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Feliz aniversário para mim.


Aniversário

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer ''anos'' era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para os familiares,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.


25/01/1985, às 11:35 da manhã nasceu Sabrina Machado Eugênio...ou apenas Bibi.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dustin...


Dustin Hoffman já foi gostosinho...O que foi? Eu achei...

domingo, 13 de setembro de 2009

Loucos e Santos. Aos amigos.

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

Postagem dedicada ao Lipe. Até um dia, talvez.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

''Nós fumo?''


Então, estava pensando ''cá com os meus botões''... sinto uma danada de uma saudade do tempo em que fumantes não eram considerados criminosos. Não vivi esse tempo, óbvio(relativamente jovem). Mas meio que estou de saco cheio dos ''politicamente corretos'', dessa modinha geração saúde que polemiza e criminaliza quem fuma. Tudo bem, concordo com o argumento de que o cigarro prejudica a saúde, é viciante e tudo o mais. Porém, cada um sabe de sí, liberdade de escolha é isso, não? Ninguém olha torto para uma pessoa que se enche de batatas fritas e ''fast food'', nunca ví uma propaganda taxativa contra alimentos que fazem mal ao organismo. Muito menos uma lei que aumente os impostos para tais. O álcool também dá ''pano para manga'', porque o dito-cujo vicia e é vendido livremente(ah, só para maiores de 18, sei bem). Tão bonitinho a criancinha dando uma ''golada'' na latinha de cerveja do papai. Ok, a fumaça incomoda quem não fuma? Incomoda. Mas sabe aquela fumaça que sai do seu carro? Também incomoda pra caramba! Sem falar do vizinho mala que queima pneus e afins no quintal, ou daquela fábrica sacana que não usa filtro nas chaminés. Não vejo muita gente pentelhando esse pessoal. Pode até ser um argumento bobo, uma comparação tola(pra você), mas para mim é super pertinente. Vamos à pergunta que não quer calar, porque tenho que me retirar de um local quando vou fumar? Por que incomodo as outras pessoas? E aquela famosa frase: ''os incomodados que se retirem'', não vale para tal situação? Ah já sei, minha liberdade é mais limitada que a dos não-fumantes. E ainda tem o tal do fumante passivo... Penso que isso também me dá o direito de pedir, para que se retire de um recinto, o ''humano-gralha'' que pensa que toda população é surda. Odeio quem fala gritando, incomoda-me. Pessoas mal-vestidas me incomoda, os sem educação, os que falam descaradamente errado...enfim, muita coisa me importuna, nem por isso saio por aí multando ou reclamando descaradamente.
Onde eu quero chegar defendendo o bandido do cigarro? Apenas pensando que daqui à alguns anos o cigarro será definitivamente proibido. E sinto, de uma certa forma, que o direito de ir e vir, o direito de escolha, está ficando cada vez mais limitado.
Quero ter de volta o prazer de me sentar numa cafeteria, tomar meu café expresso em companhia de um Sampoerna(propaganda gratuíta), jogando conversa fora com os amigos, ou apenas aproveitando o momento. Quero me sentar numa mesinha de bar em noite fria, tomar um vinho, interagir, comer uns petiscos e fumar, fumar sim. Não quero ter que sentar(praticamente) na rua, na sarjeta, congelando...enquanto os não-fumantes estão lá dentro, aquecidos e satisfeitos. Quero ter um lugar onde eu possa ser eu mesma e que este lugar não seja, necessariamente e tão somente, a minha casa.

Beatles e Marlboro num comercial. Juntos, ok?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Falcão e o Nada.

Niilismo: Doutrina segundo a qual nada existe de absoluto. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”. Os valores tradicionais se depreciam e os "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". "Tudo é sacudido, posto radicalmente em discussão. A superfície, antes congelada, das verdades e dos valores tradicionais está despedaçada e torna-se difícil prosseguir no caminho, avistar um ancoradouro".

O niilismo pode ser considerado como "um movimento positivo” – quando pela crítica e pelo desmascaramento nos revela a abissal ausência de cada fundamento, verdade, critério absoluto e universal e, portanto, convoca-nos diante da nossa própria liberdade e responsabilidade, agora não mais garantidas, nem sufocadas ou controladas por nada". Mas também pode ser considerado como "um movimento negativo” – quando nesta dinâmica prevalecem os traços destruidores e iconoclastas, como os do declínio, do ressentimento, da incapacidade de avançar, da paralisia, do “tudo-vale” e do perigoso silogismo ilustrado pela frase do personagem de Dostoiévski: "Se Deus está morto, então tudo é permitido". Entende-se por Deus neste ponto como a verdade e o princípio.

Niilismo nietzscheano. Tal como Nietzsche o entendeu, o niilismo tem significação muito mais ampla e profunda. O filósofo não se refere ao niilismo russo ou alemão, mas ao niilismo europeu, ou seja, ocidental. É um movimento ou processo histórico que, de raízes mergulhadas nos séculos anteriores, deverá determinar os séculos futuros. Sua essência consiste na morte de Deus e nas conseqüências dessa morte. O Deus morto é o Deus cristão que, para Nietzsche, representa não só a figura histórica do Cristo, mas o mundo supra-sensível em geral, e os ideais, as normas, os princípios, os fins, os valores que, colocados acima do mundo terreno, lhe davam orientação e sentido.

A negação do mundo supra-sensível e dos valores que o constituem acarreta o esvaziamento do mundo sensível, que se vê privado de consistência e de razão de ser. O niilismo não é, para Nietzsche, a interpretação deste ou daquele espírito, nem um acontecimento histórico semelhante ou comparável a qualquer outro, mas o advento da consciência de que todos os fins e todos os valores que até então davam sentido à vida humana se tornaram caducos.

A libertação, no que diz respeito aos valores até então vigentes, não somente torna possível mas exige o que Nietzsche chama de "transmutação de todos os valores", que não consiste apenas em sua modificação, mas no desaparecimento do "lugar" em que se situavam, quer dizer, do mundo supra-sensível. Concebendo o ser como valor, a metafísica, em Nietzsche, passa a ser uma axiologia, isto é, uma teoria dos valores. Não só os valores tradicionais decaem, como sua necessidade se desloca do mundo supra-sensível para o sensível, princípio a partir do qual se deve definir a nova tábua ou hierarquia de valores.

O niilismo, portanto, tal como Nietzsche o concebe, não consiste apenas na desvalorização dos valores supremos aceitos, pois a ruína desses valores torna urgente a criação de novos valores que os substituam. O niilismo seria a característica desse estádio intermediário, entre o crepúsculo dos deuses antigos e o anúncio do mundo novo, feito à imagem e semelhança do homem.


Logo abaixo mais um claro exemplo do pensamento niilista.



"Horóscopo"

- Não subestime a sua incapacidade
- Fique tranquilo em relação à sua própria infelicidade
- Uma semana vem, outra semana vai
- Alguém telefonará e você atenderá e depois desligará
- A solução dos seus problemas só lhe dará tranquilidade
- Nem que a tristeza lhe consuma, não morra, não esmoreça, sob hipóte nenhuma

É ganhando que se ganha
É empatando que se empata
é perdendo que se perde
É nascendo que se nasce
É morrendo que se morre
É vivendo que se "veve"

- A lua em Saturno quer dizer alguma coisa
- não seja impertinente você terá nas mãos os dez dedos de sempre
- Uma pessoa idosa não fará nenhuma diferença
- No entanto, aquele alguém, que goza de saúde, poderá pegar uma doença
- No mais será tudo igual, pois o período propicia
- E tudo se encaminha para um fim de semana com apenas dois dias.

Fonte: Enciclopédia de Filosofia, Wikipedia, Vaga-Lume, Vinny via msn.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Única

Eu gosto de estar só.
Gosto da minha companhia,
de como vou longe com os meus pensamentos.
Gosto de ouvir as vozes e o silêncio que ecoam dentro do que eu chamo de eu.
Eles e eu, numa sintonia desajeitada, num mundo à parte.
Solidão. Essa é pior quando se está rodeado de pessoas, corpos ambulantes e alheios.
Solidão numa conversa fiada, num sorriso amarelo, olhar vago.
É o tal do estar e não fazer parte.
Gosto do emaranhado de coisas, cacos e restos no baú de minha memória, e como tem assunto lá!
Gosto de cada imagem, cada sentimento. Das recordações mais felizes, ao amargor dos tempos difíceis.
E a cada vez em que me encontro sozinha, durante horas a fio, mais percebo quem eu sou.
E sabe, gosto desta pessoa.
De uma forma geral e honesta...
gosto do bem e do mal, do certo e do errado, também do duvidoso.
Por mais que eu relute em certas coisas, ainda assim, esses pedaços não tão quistos, talvez, eles também sou eu.
Se me perguntassem agora,
se por algúm milagre ou eventualidade, daquilo que se acredita ser o tal destino,
eu pudesse escolher ser outro.
Eu, da forma como sou e me concebo,
pudesse por ventura ser uma outra pessoa...
Eu diria enfaticamente, indubitavelmente, e todos os ''mentes'' possíveis usaria para dizer que não, não quero ser outra.
Não, eu gosto do que sou.
Daquilo que me tornei.
É desse negócio que mais gosto, daquilo que posso chamar de identidade.
Singular.
Meu único eu.

Bibi